Em meados do ano 2000, o pesquisador Alexandre Kellner viajou com uma pequena trupe de cientistas do Museu Nacional da UFRJ para o litoral do Maranhão. A área da ilha do Cajual já era um importante sítio arqueológico, mas eles não esperavam descobrir o que já é chamado de tiranossauro brasileiro: o Oxalaia quilombensis, que media de 12 a 14 metros e pesava algumas toneladas, é o mais novo gigante carnívoro do rol de espécies do período Cretáceo.
O nome do réptil remete à África porque a criatura tem características comuns aos parentes africanos. O que remete à ligação dos continentes Americano e Africano durante o período anterior, o Triássico. O quilombensis do nome vem do fato de que a área onde os fósseis foram achados abriga uma comunidade quilombola.
O solo da região é famoso por ser um berço de espinossauros, espécies de focinhos alongados, semelhantes aos dos jacarés. Mas esses monstros são difíceis de ser pesquisadas. Por isso Kellner não se preocupa em dizer que eles tiveram sorte no achado. “Os espinossauros são espécies que costumam ter ossos muito fragmentados”, explica. Por isso a descoberta é um acontecimento mundial.
Mesmo que tenham achado somente um pedaço do maxilar e do focinho, eles têm certeza de que se trata de uma nova espécie. O pesquisador afirma que ainda há muito a ser descoberto, por isso não é possível montar um esqueleto inteiro para uma exposição. Ele aponta o fato das marés violentas da ilha do Cajual tornarem o trabalho de achar mais ossos “impossível”. “Para reconstruir um esqueleto temos que ter 40% a 50% de ossos”, explica.
Mas Alexandre não trouxe só o Oxalaia na bagagem. Foram mais de 500 quilos de fósseis, que resultaram em quatro estudos que serviram de vitrine para o novo volume dos anais da Academia de Ciência. Foram mais de 20 trabalhos inéditos, inclusive de pesquisadores estrangeiros. “Isso mostra que pesquisadores começaram a procurar revistas científicas brasileiras para divulgar seus trabalhos”, conta.
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