Tiranossaurídeo achado no Equador

Vivia a sul e essa é uma grande novidade. Pela primeira vez, foi desenterrado numa caverna no Sul da Austrália um osso fossilizado pertencente a um antepassado do Tyranossauros rex, demonstrando que estes carnívoros também andaram por lá. Mas o achado, segundo os cientistas britânicos e australianos que fizeram o seu estudo, também levanta uma pergunta ainda sem resposta: porque razão os tiranossauros evoluíram para animais gigantes apenas no hemisfério norte?

A equipe não tem ainda uma solução para o enigma, mas acredita que novas descobertas de outros fósseis poderão ajudar a equacionar este e outros problemas. O estudo é publicado hoje na revista Science.

A equipe de paleontólogos da Universidade de Cambridge e do Museu de História Natural de Londres, na Grã-Bretanha, do Museu e Universidade de Vitória, em Melburne, na Austrália, encontrou numa caverna conhecida por Dinossaur Cove, em Vitória, no Sul da Austrália, um osso fossilizado do quadril de um dinossauro. O osso tem 30 centímetros de comprimento e acabou por se revelar uma boa surpresa.

"O osso foi identificado sem qualquer ambiguidade como tendo pertencido a um tiranossauro já que estes dinossauros tinham características distintivas neste osso específico", explicou Roger Benson, da Universidade de Cambridge e um dos autores do estudo, sublinhando que a descoberta "é fantástica porque até agora só tinham sido encontrados fósseis de dinossauros em regiões do hemisfério norte".

Este achado deita assim por terra a ideia de os tiranossauros nunca teriam existido em regiões do hemisfério sul.

"Embora tenhamos apenas um osso, ele é a prova de que há 110 milhões de anos pequenos tiranossauros como o nosso poderiam ser encontrados por todo o mundo. Esta descoberta tem uma enorme importância para o nosso conhecimento sobre a forma como este grupo de dinossauros evoluiu posteriormente", adiantou Roger Benson.

O tiranossauro australiano agora identificado, e que foi simplesmente nomeado NMVP 186069 - pelo menos por enquanto -, era muito mais pequeno do que o famoso Tyranossaurus rex. Este réptil enorme media em média 12 metros e pesava cerca de quatro toneladas.

Quanto ao pequeno tiranossauro de Vitória, viveu há 110 milhões anos e portanto é anterior ao seu parente gigante que reinou entre os seus pares há 70 milhões de anos. Só por essa altura, com efeito, a linhagem dos tiranossauros evoluiu para os tamanhos XXL que os celebrizaram.

"A ausência de tiranossauróides nos continentes do hemisfério Sul estava a tornar-se cada vez mais anómala à medida que outros exemplares de dinossauros muito frequentes no hemisfério norte começaram a surgir também em escavações realizadas em regiões do hemisfério sul. Esta descoberta mostra que os tiranossauróides conseguiram chegar a estas zonas numa altura precoce da história da sua evolução e lança a hipótese de poderem descobrir-se fósseis deste tipo em África, na América do Sul e na Índia", explicou ainda Roger Benson. Quanto a saber se terá havido também exemplares gigantes na região australiana, a incógnita persiste.


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