Um estudo divulgado semana passada no periódico Geophysical Research Letters revela que talvez a extinção dos dinossauros tenha sido um evento muito mais complexo do que a imaginávamos – e o motivo são pequenas e aparentemente inofensivas gotículas. Cientistas do Instituto Potsdam de Pesquisa sobre Impacto Climático (PIK, sigla em alemão), na Alemanha, reproduziram como gotas de ácido sulfúrico na atmosfera, levantadas pelo impacto de um asteroide gigante com a Terra, podem ter levado a um longo período de resfriamento global ao qual muitas espécies de dinossauros não conseguiram resistir.
“Agora nós podemos contribuir com novos
conhecimentos para compreender a tão debatida causa para a extinção dos
dinossauros no fim do período Cretáceo”, afirma Julia Brugger,
pesquisadora no PIK e líder do estudo, em comunicado.
Para investigar o fenômeno, os cientistas utilizaram pela primeira vez
um tipo específico de simulação computadorizada, um modelo climático
capaz de reproduzir a atmosfera, os oceanos e mares congelados que
normalmente é usado para outros tipos de estudo.
A
hipótese mais conhecida para a extinção dos dinossauros é que um imenso
asteroide caiu na Península de Yucatán, no México, originando a cratera
de Chicxulub. Estudos anteriores já haviam levantado a teoria de que o
impacto causado pela colisão 66 milhões de anos atrás teria espalhado
uma enorme nuvem de fuligem contendo
enxofre e ácido sulfúrico pela atmosfera, impedindo a passagem da luz e
provocando quedas abruptas de temperatura e chuvas ácidas. A nova
pesquisa testou essa hipótese a partir de simulações para desvendar
exatamente como essas mudanças climáticas afetaram espécies que
habitavam a Terra.
Com uma imensa nuvem bloqueando o Sol, as
temperaturas caíram abruptamente, passando de 27 graus Celsius para
meros 5 graus Celsius nos trópicos. Em outras partes do globo, mais
próximas aos polos, o clima era tão frio que chegava a valores abaixo
dos 3 graus Celsius negativos. Com temperaturas tão baixas e pouca luz
chegando ao solo, a fotossíntese se tornou impossível, e muitas espécies
de plantas e dinossauros não sobreviveram. Levou cerca de 30 anos para
que o clima se recuperasse, segundo o estudo.
Os cientistas afirmam que a circulação
dos oceanos também foi impactada, contribuindo também para a extinção de
algumas espécies aquáticas. Conforme a água na superfície se resfriou,
ficando mais densa e pesada, a água das profundezas que estava mais
quente subiu, carregando nutrientes que levaram à proliferação de algas.
Esses seres, ao se multiplicar massivamente, podem ter produzido
algumas substâncias tóxicas que também afetaram a vida nas regiões
costeiras. Ainda assim, sabe-se que que nem todas as espécies que
habitavam os oceanos morreram – o grupo dos crocodilia, por
exemplo, que hoje inclui jacarés e crocodilos, mas, na época, era
formado de grandes animais, conseguiu sobreviver.
“O resfriamento a longo-prazo causado
pelos aerossóis de sulfato foi muito mais importante para a extinção
massiva do que a poeira que ficou na atmosfera por apenas um período
relativamente curto”, diz o co-autor do estudo, Georg Feulner. “Também
foi mais importante do que eventos locais, como o calor extremo perto do
impacto, incêndios ou tsunamis.” Para o pesquisador, o estudo ilustra como
o clima é importante para todas as formas de vida no planeta.
“Ironicamente, hoje a ameaça mais imediata não vem de um resfriamento
natural, mas de um aquecimento global provocado pelo homem”, afirma.
Todo o conteúdo é propriedade e foi retirado do site de notícias Veja.
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