Do outro lado, os herbívoros tinham que desenvolver defesas cada vez mais eficientes para lhes dar alguma chance contra os ataques dos inimigos. Todas as formas de defesa já haviam sido utilizadas: velocidade, tamanho avantajado... Mas ainda no período Jurássico alguns dinossauros vegetarianos passaram a utilizar uma nova e bastante eficaz tática para rechaçar os predadores vorazes.
Pequenos herbívoros como o Scutellosaurus e o Scelidosaurus passaram a apresentar nódulos ósseos muito rígidos cobrindo seus dorsos. A disposição dessas estruturas formava uma espécie de carapaça, que tornava essa região, que era normalmente a mais exposta e a que os carnívoros primeiro atacavam, muito rígida. Esses animais são os primeiros dinossauros com armadura do mundo.
Quando os inimigos atacavam, primeiramente mordiam o lombo e é provável que acabassem com alguns dentes quebrados. Uma presa dura como essa não deveriam valer a pena. Assim o caçador acabava desistindo. Mas alguns carnívoros eram mais obstinados e logo passaram a desenvolver novas maneiras de atacá-los sem correr tanto risco. Os herbívoros novamente precisaram mudar e, para isso, precisavam aperfeiçoar suas carapaças.
No médio Jurássico apareceu um novo e estranho grupo de dinossauros herbívoros. São os estegossauros. Esses grandes herbívoros de algumas toneladas eram caracterizados por apresentar uma série dorsal de placas ósseas que se estendiam por duas fileiras ao longo do mesmo. O formato, a disposição e o tamanho das placas variavam conforme a espécie. Apesar de inicialmente os cientistas acreditarem que tais placas funcionavam como meio de defesa contra mordidas de carnívoros, hoje sabemos que elas não funcionavam assim. Apesar de feitas de osso sólido, não ficaram presas ao esqueleto, mas apenas se inseriam na pele grossa desses animais.
Um carnívoro poderia facilmente arrancá-las.
Os paleontólogos modernos acreditam que na verdade essas placas, entre outras funções,serviam como um instrumento de intimidação (para saber sobre outras prováveis funções das placas dos estegossauros, visite as seções SANGUE QUENTE OU FRIO? e REPRODUÇÃO). Estudos aprofundados mostraram que havia uma grande quantidade de vasos sanguíneos passando nessas placas. É possível que as mesmas possuíssem estruturas pigmentares que, quando devidamente estimuladas pela passagem do sangue, poderiam mudar a cor externa da placa.
Podemos imaginar um estegossauro sendo ameaçado por um predador. A tensão fariam com que o sangue aumentassem sua pressão e estimulasse essas estruturas pigmentares, provocando uma grande mudança na coloração das placas, tornando-as muitos mais chamativas e coloridas.
Essa característica faria o gentil vegetariano parecer muito mais imponente, feroz e, conseqüentemente, perigoso.
O predador pensaria duas vezes antes de atacá-lo. Mas, e se a intimidação não fosse o suficiente?
Oque fazer? Os estegossauros ainda tinham uma segunda carta na manga. Além das placas eles possuíam na cauda e, às vezes nos flancos, longos e afiados espigões, capazes de provocar graves ferimentos nos carnívoros. A cauda era a verdadeira arma desses animais.
Sabemos que apesar do minúsculo cérebro, os estegossauros tinham um enorme centro nervoso na região da pélvis, cuja principal função era coordenar de maneira impecável os movimentos das patas traseiras e da cauda. Os estegossauros ainda possuíam músculos dos ombros muito desenvolvidos, para rápidos movimentos laterais. Assim eram animais capazes de se virar rapidamente para apontar sua pontuda cauda para o inimigo e podiam manejá-la com precisão e força. Um golpe certeiro de cauda poderia até matar um predador, caso atingisse seu pescoço ou estômago.
Apesar do grande sucesso ao longo do Jurássico, ao final desse mesmo período os estegossauros começaram a desaparecer. Novos tipos de vegetais mais rígidos substituíam aos poucos as plantas macias das quais se alimentavam.
Para ocupar seu lugar um novo e mais aperfeiçoado grupo de dinossauros apareceu, os anquilossauros. Os primeiros anquilossauros, conhecidos como nodossaurídeos, tinham enormes e pesadas armaduras ósseas cobrindo seu dorso. Sua aparência provavelmente lembrava a de gigantescos tatus. Além das armaduras apresentavam longos e afiados espigões na região dorsal e também nas laterais do corpo.
A única parte vulnerável de um nodossaurídeo era sua barriga, totalmente desprotegida. A única maneira de matar um animal desses seria virá-lo de barriga para cima e atacar seu ventre. Alguns paleontólogos acreditam que, quando ameaçado, o nodossaurídeo encolhia suas pernas e deitava-se no solo, deixando apenas o dorso blindado repleto de espigões à mostra. Por ser muito pesado e pela ameaça dos espigões, um nodossaurídeo dificilmente seriam virado pelo predador.
Este acabaria desistindo do ataque
Ao final do Cretáceo os anquilossauros evoluíram ainda mais seu armamento e desenvolveram novas técnicas para defender-se dos ataques. Os novos anquilossauros, conhecidos como anquilossaurídeos, tinham armaduras ainda mais rígidas, que recobriam até mesmo suas cabeças. Mas seus espigões eram proporcionalmente menores. Para substituí-los esses animais desenvolveram uma cauda poderosa, armada com uma maça óssea na ponta, que funcionava como um porrete.
Diferente de seus ancestrais que apenas se abaixavam e esperavam o predador desistir, os anquilossaurídeos, quando ameaçados, partiam para o ataque. Sua cauda poderosa podia desferir golpes capazes de quebrar pernas e costelas de grandes predadores como tiranossauros, aleijando-os ou até matando-os.
Apesar de serem os dinossauros blindados mais conhecidos, estegossauros e anquilossauros não foram os únicos a apresentar carapaças para defesa. Alguns saurópodes, como o Saltasaurus e o Hypselosaurus também tinham ao longo do dorso nódulos ósseos rígidos, capazes de proteger seus dorsos dos dentes dos predadores.
Sabe-se que até mesmo alguns dinossauros carnívoros também tinham proteção. Uma rara amostra de pele fossilizada encontrada na Argentina sugere que o carnívoro Carnotaurus tinha um tipo de carapaça que cobria seus dorso. Talvez servisse de proteção contra predadores maiores ou durante combates com membros de sua própria espécie.
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