Achados na Antartica agora no Museu Nacional

Antes de se tornar um continente gelado, a Antártica abrigou florestas, vulcões e dinossauros. A prova disso é o material trazido de lá por cientistas brasileiros do Museu Nacional e que está em exposição na instituição da Quinta da Boa Vista, no Rio. Os pesquisadores coletaram fósseis do plesiossauro, um predador marinho que chegava a atingir sete metros de comprimento. E também o tronco de uma árvore de 80 milhões de anos atrás, que foi calcinado por uma erupção vulcânica.

A Antártica, naqueles tempos longínquos, ficava um pouco mais ao Norte e era ligada à América do Sul, África e Austrália no antigo continente Gondwana. Por isso, o clima era mais quente. Havia florestas de coníferas e até araucárias por lá. Era o período geológico chamado Cretáceo, pródigo em dinossauros.

"A gente acredita que boa parte dos animais e plantas surgiu na Antártica", diz o paleontólogo Marcelo Carvalho, que participou da expedição ao (agora) continente gelado.

A pesquisa brasileira foi uma verdadeira aventura. Sete cientistas do Museu Nacional foram levados de navio até a Ilha James Ross e deixados lá durante 37 dias. Eles dormiram em barracas. Pelo menos, era verão: eles chegaram lá em 26 de dezembro de 2006 e ficaram até 7 de março de 2007.

Mesmo assim, os pesquisadores brasileiros passaram um certo sufoco, enfrentando nevascas e temperaturas abaixo de zero. Eles tiveram a companhia de dois alpinistas, acostumados a ambientes gélidos e inóspitos. Muitos ficaram a temporada inteira sem tomar banho. Mas em alguns dias, o tempo ajudou e a temperatura subiu até 15 graus positivos. Um calorão.

Cada um tinha sua barraca individual. Havia ainda quatro barracas: duas que serviam como cozinha e escritório; outra que abrigava um gerador e outra que funcionava como depósito e banheiro. Para se comunicar com o mundo, tinham um telefone celular que funcionava com sinais de satélite.

"Na exposição, que está em cartaz no Museu Nacional, a gente conta um pouco desta aventura. Pois quisemos aliar a informação científica sobre as espécies ali encontradas às experiências que vivemos. Isso ajuda a transmitir o conhecimento", comenta Marcelo Carvalho.

Na mostra, chamada "Fósseis do Continente Gelado - O Museu Nacional na Antártica", se destaca a reconstituição do predador plesiossauro. Há ainda a réplica de um tubarão, fósseis de plantas e outros organismos encontrados, além de curiosidades como um mexilhão de 40 centímetros - dez vezes maior que o de hoje em dia. E uma das barracas usadas na expedição também está lá no museu da Quinta.

Os materiais encontrados nas escavações feitas pelos brasileiros estavam em um antigo ambiente à beira-mar. Hoje, o lugar pesquisado é completamente diferente. Onde havia a floresta de coníferas, por exemplo, há uma geleira de 2,7 quilômetros de altura.

"Quando a Antártica se separou dos outros continentes, ela se deslocou um pouco mais para o Sul. A circulação das águas também mudou e isso acabou tendo um impacto no clima e mudando completamente o ambiente", explica o pesquisador brasileiro.


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